quinta-feira, 23 de junho de 2011

Entrevista: Tavares


Essa é a primeira entrevista do blog, e o Rodrigo Tavares (@estebantavares) topou abrir a série pra gente já começar muito bem.
Via wikipedia pros leigos: Tavares é baixista da banda Fresno desde 29 de Outubro de 2006, a qual ele produziu os dois últimos CD; e compositor, guitarrista e vocalista da banda Abril, além de manter um projecto solo com o nome Esteban.
Vem, vai ter Rock! - Pra começar, uma coisa que todo mundo que te acompanha quer saber… Quando vai sair o disco do Esteban? Em que pé anda?
Tavares - Bom, o repertório já está pronto há muito tempo (desde fev 2010, pra ser exato). Então, o que eu posso dizer é “minha parte está pronta”. O resto é burocracia de empresário / gravadora. Tenho um contrato para cumprir e não posso lançar sozinho. É uma questão que nem eu sei responder direito. Já pensei em boas mentiras pra explicar o adiamento do disco, mas a verdade é essa mesmo. Tô pronto pra gravar, o repertório e o orçamento já foram aprovados, e eu já enchi o saco deles o suficiente. Não me sinto tão ansioso porque, no fim das contas, o público já conhece todas as músicas. Os shows foram incríveis e o youtube consegue levar um pedaço deles a todos interessados. É estranho ter um trabalho conhecido sem ele sair “fisicamente”, mas funcionou. Espero que eles não percam mais tempo.
Como integrante de um banda de grande nome nacional, que tá sempre fazendo shows e que há uma grande expectativa de novas músicas por parte dos fãs, qual a importância pra você de um trabalho solo no meio disso tudo? Até que ponto isso te ajuda como músico/compositor?
O trabalho solo foi criado pelo meu ego. Eu guardo meu rock pra Fresno, mas eu preciso do Esteban pra me expressar. Preciso que as pessoas envolvidas nas histórias ouçam as músicas. É meio rancoroso também, mas quem não é? O Esteban é meu blog, a Fresno é minha banda. No meu trabalho solo, eu vomito tudo que me dói - não existe uma lei. Na fresno, eu quero fazer músicas boas, com meus colegas, em torno de uma idéia. São experiências diferentes; sensações diferentes. E eu sou viciado em ambas.
Eu sei que existe alguma diferença entre o público que curte Fresno para o do Esteban. Vou falar por mim mesmo, que gostei muito do que eu ouvi até aqui das tuas músicas, assim como curti muito o Beeshop, mas a música da Fresno não é o estilo que eu gosto de ouvir. Você consegue ver essa diferença de público, seja em shows, na internet ou meio que se misturam? 
Existem os que gostam de ambos, existem os que gostam só de um. É difícil tentar definir o público do Esteban. Eu vejo gente não esteriotipada nos shows. Vejo adultos, adolescentes, pais, filhos. Mas a Fresno também vem passando por esse processo. Após o lançamento do “Revanche”, muitas opiniões mudaram.
Por falar nisso, o que você achou do Beeshop? Gostou do disco?
Eu gostei tanto que eu não acredito que um cara com esse talento ainda toque comigo,rs. É um disco perfeito, o Lucas mandou muito - e ainda realizou meu sonho de gravar as baterias de um disco. Foi o melhor trabalho de 2010.
Recentemente o Liam Gallagher comentou que a banda inglesa The Vaccines era muito entediante. Mas pra banda isso veio como um elogio só por “estar no radar dele”, como disse o vocalista. Qual banda te deixaria feliz mesmo com uma crítica negativa sobre sua música? Se é que você ficaria feliz.
Eu não gosto de muita coisa, nem por isso eu saio falando aos quatro ventos. Acho que se tu não gosta, guarda pra ti - ou não fala publicamente. Só fala isso quem se sente incomodado pelo sucesso alheio. Se alguém falar mal de mim, vou saber que estou apertando seu calo. Não gosto desse tipo de atitude.
Qual o principal ou um dos principais erros das bandas novas?
Eu não sei se eles estão errados ou nós estamos muito velhos. O que é muito popular sempre assusta. Já falaram uma pá de merda da minha banda, e isso só me ajudou a melhorar, a levantar o queixo e seguir em frente. E também acho injusto todas as bandas novas pagarem o preço do Happy Rock, por exemplo. Tu não pode comparar a Topaz ao Restart, por exemplo. Nada contra o Restart, mas eles não podem carregar sozinhos o titulo de “banda nova”. Tem muita coisa nova e diferente por aí, diferente deles, mas que acaba caindo no mesmo saco - assim como era na época Fresno/NX/Forfun/Strike: eram bandas totalmente diferentes, mas que pagavam o mesmo preço. Falta pesquisa e interesse por parte da mídia.
Um dos lançamentos mais comentados recentemente foi o disco dos Strokes. E eu vi um comentário em um blog, que não lembro qual agora que dizia algo assim: “Esse disco tá muito Julian e uns caras tocando atrás”. E já vi outros comentários dizendo que o disco tá maravilhoso. Você curte Strokes? Ouviu o disco? Se ouviu, o que achou? E puxando um pouco pra Fresno, vocês já deixaram de lançar alguma música por tá muito a cara de alguém da banda e não exatamente da Fresno?
Sinceramente eu ainda não ouvi o album. Na Fresno, quando isso acontece, a música vira Beeshop ou Esteban. Quando tem muito a nossa cara, a gente nem apresenta a idéia pra banda. A identidade do grupo tem que permanecer.
Posso tá enganado, mas você comentou no twitter que a Little Joy era uma das melhores bandas dos últimos 10 anos. Que outra banda você destaca que surgiu nessa última década?
Eu acho o Little Joy fantástico. O Anberlin mudou meu jeito de fazer música, o Copeland também. A galera que acha a década passada improdutiva não se informou muito. Tem muita coisa desconhecida do grande público. Tem o FUN., tem o Denali. A internet ta aí, é só se interessar e correr atrás.
Algumas bandas estão voltando a gravar em vinil, você pensa em fazer algo assim pro Esteban? 
Sim, mesmo que saia do meu bolso. Tenho comprado muita coisa em vinil (o Little Joy, por exemplo). O vinil não tem shuffle, não repeat, tu tem que ouvir tudo. Acho que o vinil engrandece a obra, dá valor ao conjunto. Sem contar a experiência sonora, que é totalmente diferenciada dos meios digitais. O vinil tá voltando e eu to muito feliz com isso.
Qual banda nacional, dessas mais recentes, que se fosse pra você apostar suas fichas nela, você apostaria?
Eu gosto da Topaz, gosto do Doyoulike?, do Vinda. Tem muita coisa boa. Tem o Sabonetes, também. O rock não tá morto; a mídia é quem quer matar o rock.
E o Inter, cara…Quais tuas previsões pra esse ano? Como você tá vendo o time agora na Libertadores e pro Brasileirão?
Espero ser tri campeão da américa e tetra do brasileiro. Se der, não me importo de ser bi mundial. É engraçado falar isso hoje em dia. Na década passada, diziam que colorado nunca ia ter esse gosto. To feliz com o Inter! =)

Muito obrigado ao amigo Tavares por colaborar com o Vem, vai ter rock!

Nenhum comentário:

Postar um comentário